sábado, 3 de setembro de 2011

O COMBUSTIVEL DA CRISE

Nossa sociedade atualmente vive uma crise energética que afeta de forma global as relações de consumo, refletindo de forma mais perceptível no aumento dos preços dos alimentos. Temos atualmente a percepção mais apurada, devido principalmente ao nível de informação que chega diariamente através de inúmeras mídias. Este estudo visa demonstrar a complexa relação entre a crise global dos combustíveis e o aumento do preço dos alimentos.
O crescimento acelerado dos países emergentes incluiu no mercado consumidor, uma população que estava à margem até então, do processo, e não representava uma pressão significativa na demanda de serviços e produtos.
Este novo mercado consumidor busca recuperar o tempo perdido, pressionando o sistema produtivo, que por sua vez tem que dar conta de suprir os mercados a nível global, contando muitas vezes com uma matriz logística distorcida, (como por exemplo, o Brasil), que agrega custos altos, principalmente de combustíveis, que são repassados para os preços finais dos produtos e serviços.
A crise, energética tem diversos fatores. Segundo Marta Sfredo (2008 p. 1): “[...] é aditivada por combustíveis tão diferentes como a queda do dólar, desequilíbrio entre consumo e produção, especulação no mercado e tensão entre Israel e Irã”.
Fundamentalmente a globalização dos mercados nos dá esta percepção de interdependência e através da crise nos percebemos o que realmente significa a aldeia global.
A constante elevação dos preços dos alimentos atualmente tem como causas, alguns fatores conhecidos de todos, outros inéditos. A demanda crescente por combustíveis alternativos aos derivados do petróleo tem canalizado parte da área agrícola para produção do biodiesel.
Esta produção que anteriormente era consumida na sua quase totalidade na alimentação humana e animal passaram a ser matéria prima importante para este novo mercado alternativo e em expansão, e com maior liquidez, este fator naturalmente atrai o produtor para maiores possibilidades de lucro, fazendo com que a área utilizada para o plantio com finalidade alimentar diminuísse, ocasionando menor oferta para um mercado consumidor crescente. De acordo com Barbosa, Nogueira e Freitas (2008):
“Os óleos vegetais, além de consumidos diretamente na alimentação, constituem-se em importante matéria-prima para a formulação de biodiesel e de alimentos. Portanto, a alta de preços no mercado internacional põe em risco não só a sustentabilidade dos Programas Energéticos como também a segurança alimentar dos países pobres (importadores de alimentos).”
Globalizar era inevitável nos rumos da trajetória humana, globalizamos principalmente relações comerciais, e estas passaram a ser a grande tônica das nossas trocas. Com a globalização mercados se desenvolveram, novas demandas por serviços e produtos foram surgindo. O petróleo como fonte não renovável, já dá sinais de esgotamento, apesar de novas descobertas de campos petrolíferos pelo mundo a fora, fazendo a cotação do barril subir a um patamar nunca antes visto.
Agora é a natureza que nos cobra soluções alternativas para crise, e estamos apostando em bio-combustíveis, que por sua vez demanda mais terras para cultivo, fazendo com que a área destinada para o plantio de outras culturas seja prejudicada.
O crescente aumento dos preços dos alimentos tem relação direta com a crise mundial dos combustíveis, de um lado uma população crescente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, tendo acesso ao consumo, de outro a diminuição da área cultivada para a alimentação em nível mundial, faz com que governo, empresários e sociedade civil organizada, repensem as estratégias até agora usadas, para substituição da matriz energética mundial.
O petróleo é o grande vilão da atual crise dos combustíveis, de um lado busca-se alternativas para a escassez desta fonte energética, apostando-se na produção de bio-combustíveis. Para isso foi necessário abrir novas fronteiras agrícolas ou substituir as já existente, e que produziam para fins alimentares. Esta escolha afetou diretamente os preços dos alimentos, pela diminuição da área agrícola para este fim.

4 REFERÊNCIAS
BARBOSA, Marisa Z.; NOGUEIRA, Sebastião J.; FREITAS, Silene M. Agricultura de alimentos X de energia: o impacto nas cotações internacionais. Disponível em: Acesso em 90 jun.2008.
SFREDO, M. A bomba no barril. Zero Hora, Porto Alegre, 06 jul. 2008. n 15.651, Dinheiro, p 1

CLAUDIO ZAMORA

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